Abordagem

A Psicologia Fenomenológica Existencial

Jean Paul Sartre

Acredito que cada pessoa vivencia e experimenta o mundo de forma distinta e particular. Quando tentamos, de alguma maneira, buscar uma correlação que nos surpreenda com a possibilidade de vivenciarmos alguma experiência idêntica a de outras pessoas, as chances de nos frustrarmos são muitas, pois a percepção individual de cada evento da vida sempre será única.

Apesar de modelos teóricos fornecerem algumas orientações e explicações técnicas sobre a configuração do sujeito e de suas vontades, não sou adepto daqueles que enquadram indivíduos em categorias. Embora haja semelhanças entre os sujeitos no discurso e no modo de existir, enquadrá-los é perder de vista as particularidades de cada ser e a unicidade de suas experiências.

Por compartilhar da concepção de ser como resultado de experiência e existência individuais conduzo minha prática a partir dos fundamentos da Abordagem Fenomenológica Existencial, que concebe o indivíduo como ser consciente, espontâneo, dotado de poder criativo, e capaz de moldar a si mesmo. O enfoque é dado na profundidade da existência do momento presente, e não no passado, podendo o indivíduo revisitá-lo, sempre que necessário.

Nesta abordagem, focaliza-se a existência da pessoa, seus relacionamentos, suas alegrias e suas tristezas, tudo que esteja relacionado à experiência. A partir do que o indivíduo vivencia, como novos horizontes, novos problemas e novas oportunidades, há uma descoberta contínua de si. Criam-se, então, possibilidades para que o sujeito possa refletir sobre as escolhas (e as angústias advindas delas) e lidar com as consequências do seu existir.

Independentemente de sua história pregressa, o sujeito é responsável pelo seu destino, e assim pela construção de si mesmo nesta existência.

Neste processo, a presença do terapeuta é ativa, honesta e direta, interagindo e conduzindo o encadeamento da tomada de consciência do paciente, auxiliando-o na lida com sua ansiedade, de modo criativo. A partir da experimentação e troca mútuas é permitido que o terapeuta compartilhe sua perspectiva e as possíveis diferenças no modo de pensar de ambos, que sejam aceitas, integradas e trabalhadas criativamente, modelando um diálogo fenomenológico, através de acolhimento, aceitação e responsabilidade.

Por fim, a Abordagem Fenomenológico Existencial tem como princípio a compreensão da realidade existencial do sujeito e de sua história, a busca das experiências singulares e, junto a este sujeito, a compreensão da própria existência e de seus significados, o que permite reflexões mais aprimoradas sobre os fenômenos que surgem a ele, e sobre o universo de suas escolhas.